CABANAGEM BLUES

Entre janeiro de 1835 e agosto de 1840 a nossa então Província do Grão- Pará ousou desafiar o poderoso Império do Brasil, lutando por participação política, tendo como combustível a fome, o extremo estado de pobreza e as doenças.
Tapuias, negros e caboclos conseguiram tomar o governo e mantê-lo por mais de cinco anos, ao custo de trinta a quarenta por cento de uma população total de 100.000 vidas. Um massacre.
Genocídio!
Qual o legado da Cabanagem? O que dela permaneceu após 176 anos?
Nomes nas ruas, nas praças e nas travessas, mixando os cabanos revolucionários e os defensores do Império, sem muita distinção. Palácio da Cabanagem. Monumento da Cabanagem.
Pois se hoje chove indistintamente sobre as placas diversas dos inimigos ideológicos de outrora (Batista Campos, Doutor Malcher e Eduardo Angelim versus Almirante Tamandaré, Visconde de Souza Franco e Padre Prudêncio), sobra aos artistas a possibilidade de, a bordo de um delírio onírico, viajar em vídeo sob 40.000 lágrimas derramadas sobre as ruas da cidade.
Poderia ter sido diferente, pensa o analítico.
Ainda pode ser diferente, pensa o sonhador.
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